Não há quem não tenha ouvido falar de Drácula, mesmo sem te-lo lido, e é impossível não ter visto ao menos uma das inúmeras adaptações cinematográficas, retratando o vampiro em incontáveis versões, dramáticas, aterrorizantes, sensuais ou apaixonadas. Pode escolher.
A verdade é que o romance surpreende por sua sutileza. Drácula é um romance epistolar, narrado através de cartas, diários e notícias, recurso que Bram Stoker utiliza com competência excepcional, acrescentando medidas exatas de suspense e mistério, misturando na narrativa temas de relevante interesse social, o que torna o conteúdo riquíssimo e, não por acaso, clássico.
A história foi inspirada em um sanguinário príncipe romeno, governador da Valáquia, Vlad Tepes (Dracul, da casa do dragão) que empalava suas vítimas e lutou contra o império otomano (há quem diga que lutou a favor também, segundo sua conveniência). Essa inspiração para Drácula é tratada mais detalhadamente no filme de Copolla, onde vemos um trechinho da verdadeira história de Vlad, embora no livro, obviamente, não há uma referência específica a ele.
A história foi inspirada em um sanguinário príncipe romeno, governador da Valáquia, Vlad Tepes (Dracul, da casa do dragão) que empalava suas vítimas e lutou contra o império otomano (há quem diga que lutou a favor também, segundo sua conveniência). Essa inspiração para Drácula é tratada mais detalhadamente no filme de Copolla, onde vemos um trechinho da verdadeira história de Vlad, embora no livro, obviamente, não há uma referência específica a ele.
Conhecemos o Conde Drácula inicialmente através do ponto de vista de Jonathan Harker que viaja a Transilvânia para mediar um negócio imobiliário com o Conde para a aquisição de uma propriedade em Londres. O único momento em que temos contato com Drácula, aliás, é na interação com Harker, onde o vampiro se apresenta com toda sua sensualidade e refinamento, alguém que, apesar de causar desconforto, é capaz de provocar interesse hipnotizante e manter longas conversas, no romper da noite, sem jamais entediar o interlocutor.
A partir disso, desde o momento em que Harker se dá conta de que está preso no castelo, o Conde Drácula passa a ser apenas uma presença em todas as cenas e nosso contato com o vampiro é apenas através do sentimento dos personagens, do horror, do medo, da tétrica fascinação provocada. É magistral o modo como Bram Stoker conta a história de Drácula, colocando o personagem no centro da história, sem que seja necessária sua participação direta.
Depois que Jonathan Harker foge do castelo e fica por muito tempo debilitado, a cena se transporta para as correspondências entre Mina Murray, noiva de Harker e Lucy Westenra, que vive em Whitby. É Lucy que insere na narrativa o Dr. John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood, esse último que se torna Lord Godalming e que, afinal, conquistou o coração de Lucy, apesar de todos serem seus pretendentes.
Infelizmente Arthur e Lucy não conseguem viver sua história de amor, pois Lucy é mordida por Drácula e imediatamente inicia uma saga de debilidade e doença, até enfim morrer e se tornar também uma vampira. É o excêntrico Professor Abraham Van Helsing, chamado pelo Dr. Seward, que aplicando seus conhecimentos, consegue deixar sua alma livre para a eternidade.
Van Helsing assume o papel de personagem sagaz e detetivesco, praticamente um Sherlock Homes aposentado inserido na história do Drácula. É ele que nos esclarece os mitos que giram em torno das histórias de vampiro e que foram reunidos por Bram Stoker num excelente compêndio de como deter e matar um vampiro.
Por meio do professor ficamos sabendo que Drácula, como todo vampiro, (I) pode reviver quando consegue nutrir-se com o sangue dos vivos, (II) pode até rejuvenescer, (III) não projeta nenhuma sombra, não tem reflexo no espelho, (IV) pode se transformar num lobo, num morcego, (V) pode vir envolto numa névoa que ele mesmo cria (ainda que limitada, pois a névoa só pode ser criada em torno dele), (VI) sob os raios de luar, pode vir na forma de um pó fino, (VII) pode ficar minúsculo e deslizar por um espaço estreito como um fio de cabelo, (VIII) pode ver na escuridão.
Algumas limitações também são esclarecidas, pois segundo Van Helsing o vampiro "não é um ser da natureza, mesmo assim tem que obedecer algumas leis da natureza". "Ele não pode entrar pela primeira vez em algum lugar a menos que haja alguém da casa que o convide, embora depois possa vir quando quiser". "Seu poder acaba, como acontece com todas as coisas malignas, ao raiar do dia", embora no caso do livro Drácula possa andar durante o dia, mas com poderes extremamente limitados e enfraquecidos.
Ainda, "se ele não estiver no lugar ao qual pertence, só pode se transformar ao meio-dia, ou exatamente ao nascer do sol ou ao pôr do sol" e "só pode atravessar a correnteza durante a maré baixa ou a maré alta". O alho e o crucifixo são confirmados como itens que afastam os vampiros. "Um ramo de rosa selvagem em seu caixão o impede de sair dali. Uma bala sagrada disparada no caixão mata-o, de forma que ele passa a ser um verdadeiro morto". Estaca transpassada, bala sagrada e cabeça cortada, ta aí três coisas que o matam definitivamente.
Por meio do professor ficamos sabendo que Drácula, como todo vampiro, (I) pode reviver quando consegue nutrir-se com o sangue dos vivos, (II) pode até rejuvenescer, (III) não projeta nenhuma sombra, não tem reflexo no espelho, (IV) pode se transformar num lobo, num morcego, (V) pode vir envolto numa névoa que ele mesmo cria (ainda que limitada, pois a névoa só pode ser criada em torno dele), (VI) sob os raios de luar, pode vir na forma de um pó fino, (VII) pode ficar minúsculo e deslizar por um espaço estreito como um fio de cabelo, (VIII) pode ver na escuridão.
Algumas limitações também são esclarecidas, pois segundo Van Helsing o vampiro "não é um ser da natureza, mesmo assim tem que obedecer algumas leis da natureza". "Ele não pode entrar pela primeira vez em algum lugar a menos que haja alguém da casa que o convide, embora depois possa vir quando quiser". "Seu poder acaba, como acontece com todas as coisas malignas, ao raiar do dia", embora no caso do livro Drácula possa andar durante o dia, mas com poderes extremamente limitados e enfraquecidos.
Ainda, "se ele não estiver no lugar ao qual pertence, só pode se transformar ao meio-dia, ou exatamente ao nascer do sol ou ao pôr do sol" e "só pode atravessar a correnteza durante a maré baixa ou a maré alta". O alho e o crucifixo são confirmados como itens que afastam os vampiros. "Um ramo de rosa selvagem em seu caixão o impede de sair dali. Uma bala sagrada disparada no caixão mata-o, de forma que ele passa a ser um verdadeiro morto". Estaca transpassada, bala sagrada e cabeça cortada, ta aí três coisas que o matam definitivamente.
Após a morte de Lucy, o grupo reune-se em Londres, na clínica psiquiátrica do Dr. Seward, para vingar a morte de Lucy e livrar o mundo do Conde Drácula. É nesse local que o destino dos personagens se cruzam com o paciente Renfield, a porta de entrada de Drácula no local. Com Mina enfrentando o risco iminente de se tornar uma vampira, pois Drácula alimentou-se do seu sangue, o grupo - numa vibe total de sociedade do anel - viaja para Transilvânia para matar o vampiro, no que, ao final, são muito bem sucedidos, salvando o mundo do horror espalhado pelo Conde.
Parece singela, mas a história é extremamente profunda, com vários temas de interesse social. Mina e Lucy são mulheres que representam o estereótipo da época - belas, recatadas e do lar - enquanto a Lucy vampira, tal qual as três únicas moradoras do Castelo do Drácula, são mulheres com sexualidade agressiva, sensuais e cuja volúpia precisa ser detida. Ou seja, quando doces e comportadas, as mulheres são verdadeiros símbolos angelicais de bondade, contrastando com qualquer nuance de sexualidade, características de seres perigosos, um espectro do mal.
Há também outros temas abordados sutilmente por Bram Stoker, caso do próprio sangue que dizem estar associado aos vampiros, seres malignos, pelo contexto de doenças, como a sífilis, que assustavam muitas pessoas na época e que ainda não tinham cura. O respeito pela ciência, na figura de Van Helsing é também abordado de forma magistral. Por último, a aversão pelo estrangeiro é também tratada na figura de Drácula que pretende se mudar da Transilvânia para Londres, o que é visto como algo que deve ser combatido, já que eram os estrangeiros que, muitas vezes, levavam as doenças para a Inglaterra.
Tudo isso, somado ao formato da narrativa, ao teor da história, tornam o livro a obra-prima que é, o que explica todo o fascínio em torno de Bram Stoker e a grande repercussão que o livro teve ao longo de um século. É uma leitura que vale cada página e dispensa recomendações.
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