sexta-feira, 28 de setembro de 2018

IT: UMA OBRA PRIMA DO MEDO (1990) - FILME




A adaptação do livro de Stephen King - que comentei minhas impressões aqui -  foi produzida em 1990 pela ABC, uma minissérie de dois episódios, com 3 horas de duração no total. A película foi dirigida por Tommy Lee Wallace e tem Tim Curry na pele do palhaço Pennywise.

O roteiro, de um modo geral, é bem fiel ao livro.  Os acontecimentos acontecem numa sequência muito parecida, com algumas adaptações pra ficar televisivamente mais interessante. Muita coisa, no entanto, foi drasticamente modificada, especialmente quanto a alguns personagens do Losers’ Club.

Podemos começar com os personagens infantis. Fora Stan - que acho o personagem que interpreta ele em 2017 muito mais genial - todos os outros foram muito bem interpretados pelas crianças, com destaque especial para Bill, interpretado pelo ator Jonathan Gregory Brandis (que se matou em 2003) e pro ator Brandon Crane, que interpretou o Ben. A Bev, interpretada pela Emily Perkins (que depois ficou famosinha e fez até Supernatural) ficou um pouco forçada, mas considerando o contexto e o ano de filmagem, dá pra relevar.

Já quanto aos personagens adultos minha decepção fico por conta do Bill (Richard Thomas), meu crush nos livros - todo líder, decidido, poderoso. O Bill da minissérie é um adulto totalmente desprovido de beleza, com um rabo de cavalo muito seboso (pra que né gente? O Bill do livro até careca é). Fora que o ator, pra transmitir a gagueira do personagem - que volta repentinamente em Derry -  parece praticamente ter vontade de espirrar all the time. Dá uma agonia imensa.


O resto dos atores do Losers’Club adulto, embora em algumas cenas com participações bem medianas, são bem suportáveis,  Harry Anderson (Richie), Dennis Christopher (Eddie),  Richard Masur (Stan), Annette O'Toole (Bev), Tim Reid (Mike), com destaque pra participação do John Ritter (Ben ) que achei que absorveu bem a personalidade adulta do Ben no livro, um cara bem sucedido que jamais esqueceu a Bev.

*LÁ VEM SPOILER*

Mas são alguns elementos do roteiro que me incomodaram mais. As cenas que o grupo dá as mãos pra mostrar que a força está na união dos Losers são muito teatrais e ficam muito forçadas, parecendo mais um teatrinho infantil besta do que um filme dessa magnitude.

É bizarro como o roteiro pulou a confecção das bolas de prata, resumindo o confronto a acertar dois brincos de prata (da mãe de não lembro quem)  no Pennywise. E nem vou falar do confronto final que, meu Senhor, vira uma cena de lutinha com todo mundo socando a barriga da aranha gigante.

O beijo na boca entre Bev e Bill assim de cara oi, tudo bom Bill, smack é bem descontextualizado também. No filme, no entanto, não rola um remember entre Bill e Bev e, assim como no livro, ela fica com Ben no final.

Outro aspecto: tudo bem retratarem o Eddie como um provável gay (isso fica nas entrelinhas) e ainda morando com a mãe - acho até que faz todo sentido.  But, cá pra nós, qual a necessidade de colocar uma cena final dele confessando aos amigos que é virgem? Isso no ápice do confronto. “Sai Pennywise, me larga! Ah gente, sou virgem”. Lembrando que no livro ele é casado com uma mulher - segundo a obra,“imensa” - que é a cópia da mãe dele, na maior vibe “Freud explica”.

Também não curti o Richie a todo tempo querendo ir embora. Aliás, não curti a menção que todos fazem de ir embora em vários momentos para abandonar naquela cidade. No livro, o grupo até chega a titubear, mas a força da amizade deles é bem mais presente. 

A melhor atuação fica por conta do Tim Curry como Pennywise! Eu amei a forma como ele deu vida à Coisa. Ele criou um palhaço diferente do livro, totalmente “trolador” (chega a beirar muitas vezes a comédia) e insano, com olhos loucos e expressão vidrada das mentes mais perversas.


A cena no bueiro com Georgie ficou sensacional, aliás! À altura da melhor cena do livro, para mim:

Aqui embaixo todos nós flutuamos, Georgie

No fim Eddie morre, como na obra. E Audra “acorda” andando com o Bill na Silver Hy-Yo Silver. Assim como no livro, todos vão embora e acabam se esquecendo uns dos outros gradativamente. O que resta das memórias fica por conta das anotações de Mike. Bem melancólico.

Nem preciso dizer que o filme deixou de fora a cena desnecessária da Bev transando com todo grupo e a pobre tartaruga (achei injusto rsrs). Confesso que isso elevou minha consideração com a adaptação e, só por isso, não vou dizer que ela é ruim. Mediana, talvez.

Não é de admirar. A história, tida por muitos como a grande obra prima do King, embora admito que seja bem genial na essência, também deixa muito a desejar, especialmente no desfecho.

Essa é, logicamente, a minha opinião, que é totalmente intuitiva e sem autoridade de “conhecedora” da obra do King, então tudo bem se eu estiver equivocada e avaliando injustamente tanto a obra como a adaptação.

Vejamos como o filme de 2017 (parte 1) e 2019 (parte2) vai se sair. A partir daí, vai ser possível ao menos estabelecer aquele inevitável comparativo que pode, ao fim e ao cabo, salvar a memória de It, aos meus olhos. No aguardo!

Enquanto isso, Hy-yo King, away!

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