quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O MÉDICO E O MONSTRO (1885) – ROBERT LOUIS STEVENSON



O Médico e o Monstro – subtitulado de Dr. Jekyl e Mr. Hyde – é um livro daqueles de tirar o fôlego. Aparentemente um livreto inofensivo de cento e poucas páginas, o Médico e o Monstro é um pouco mais complexo do que parece (não se engane!) tanto pela escrita glutinosa do Stevenson (Oi Edgar Alan Poe?!) quanto pela análise psicanalítica (ou seria psicológica?) que ele faz durante durante toda a narrativa. Não é algo que se possa deixar de ler nesta vida, já que a história é cheia de metáforas pra representar o Yin-yang do comportamento humano.
A eterna luta entre o lado bom e o lado negro da força – que derrotou o nosso querido Anakin – não foi menos cruel com o Dr. Jekyl, um médico conceituadíssimo, de caráter ilibado, que desenvolve uma macumba fórmula tendente a despertar o aspecto mais sombrio do seu caráter. Daí nasce o Mr. Hyde, que tem uma aparência mais curvada e deteriorada, uma das metáforas mais interessantes da história, pois em dado momento o autor justifica que aquela personalidade sombria assim se apresenta porque, afinal, não era tão alimentada quanto o lado bom.
Me lembrou também um livro que eu li há muito tempo, e pelo qual sou perdidamente apaixonada: O retrato de Doryan Gray, de Oscar Wilde (1890 – portanto, escrito pouco tempo depois). A ideia do Oscar Wilde, nesse livro, foi também representar a dualidade do ser humano, só que neste caso o Mr. Hyde veio na forma de um retrato, escondido num quarto escuro, que absorvia, na forma de imperfeições, todo e qualquer desvio de caráter por parte do personagem principal, o Dorian Gray.
Não preciso dizer, também, que em nenhuma das histórias o final foi feliz – só nos contos de fadas, o bem vence o mal (é, crianças, conformem-se!), mas ambas as histórias acrescentam bastante com relação ao comportamento humano – talvez não com a profundidade de um Dostoiévski, mas com a simplicidade de Stevenson e Oscar Wilde que, despretensiosamente, criaram um universo, em menos páginas (claro), tão instigante quanto o do primeiro, analisando mais a causa e menos as consequências da complexa estrutura psicológica da mente humana.
Recomendo.  

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